Fonte: Elaborada pela autora
O
embate político epistemológico entre os gestualistas e os oralistas,
responsabiliza o sucesso ou o fracasso escolar com base na adoção de uma ou de
outra concepção com suas práticas pedagógicas específicas, canalizando o
problema para a língua em si, enquanto há discussões maiores a serem
realizadas. A abordagem bilíngue, ou seja, o ensino da Libras e da Língua
Portuguesa, torna-se a tendência que desterritorializa a clausura da pessoa com
surdez, sob a ótica multicultural.
Para
que, realmente, as práticas de ensino e aprendizagem na escola comum pública e
também privada apresentem caminhos consistentes e produtivos para a educação de
pessoas com surdez é preciso ir além das políticas que já estão propostas, as pessoas com
surdez precisam de ambientes educacionais estimuladores, que desafiem o
pensamento e exercitem a capacidade perceptivo-cognitiva.
Primeiramente temos que olhar e focar a potencialidade da pessoa e
não os seus limites e “em segundo lugar o
foco deve ser a transformação da escola e das suas práticas pedagógicas
excludentes em inclusivas” (p.51).
É legitimado a construção do Atendimento Educacional Especializado
para Pessoa com Surdez (AEE PS) que “tem como função organizar o trabalho complementar para a classe comum, com
vistas à autonomia e à independência social, afetiva, cognitiva e linguística
da pessoa com surdez na escola e fora dela” (p.52), favorecendo as
condições essenciais de aprendizagem do aluno com surdez, numa abordagem
bilíngue.
A
organização do AEE PS envolve
três momentos didático-pedagógicos: Atendimento Educacional
Especializado em Libras; Atendimento Educacional Especializado para o ensino da
Língua Portuguesa; e o Atendimento Educacional Especializado de Libras.
Segundo Damázio (2005) alguns
empecilhos que envolvem as práticas da filosofia integracionista com roupagem
de inclusiva, impedem o desenvolvimento e provocam a repetência e a evasão,
ocasionando o fracasso escolar.
Atendimento
Educacional Especializado em Libras
Deverá ser realizado
diariamente e no contra turno, utilizando o plano de conteúdos oficial da
escola e a organização do
espaço deve ser rica em imagens visuais e todos os recursos que visam colaborar
com a aprendizagem do aluno. Os
conteúdos devem ser trabalhados com antecedência à sala de aula para que o
aluno tenha mais facilidade na aprendizagem.
Atendimento
Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa
Deverá ser realizado
diariamente, na sala de recursos multifuncionais em horário diferente ao da
sala de aula comum. Deverá ser desenvolvido por profissional formado em Letras
e que conheça os pressupostos linguísticos e teóricos que norteiam o trabalho
do ensino de português escrito para pessoas com surdez. As aulas são preparadas
segundo o desenvolvimento e aprendizagem do aluno com surdez. O objetivo desse
atendimento é desenvolver a competência linguística, bem como textual, nas
pessoas com surdez, para que elas sejam capazes de gerar sequências
linguísticas.
Atendimento Educacional
Especializado para o ensino de Libras
O atendimento deve ser
planejado com base no diagnóstico do conhecimento que o aluno tem a respeito da
língua de sinais, em horário contrário aos das aulas na sala de aula comum. A
organização didática desse espaço de ensino implica o uso de todo tipo de referências
e muitas imagens visuais que devem ser de qualidade, respeitando as
necessidades didático-pedagógicas para o ensino dessa língua. Trabalho
realizado por instrutores de Libras, preferencialmente pessoas com surdez, que
não devem praticar o bimodalismo e oferecem aos alunos com surdez melhores
possibilidades do que o professor ouvinte, porque o contato com crianças e
jovens surdos com adultos surdos favorece a naturalidade no processo de
aquisição da língua. O AEE de Libras é de extrema importância para a inclusão e
deverá oferecer ao aluno com surdez segurança e motivação.
REFERÊNCIA
DAMÁZIO, M. F. M.; FERREIRA, J. Educação
Escolar de Pessoas com Surdez-Atendimento Educacional Especializado em
Construção. Revista Inclusão:
Brasília: MEC, V.5, 2010. p.46-57.
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