Para que a pessoa possa se auto perceber e perceber o mundo exterior,
devemos buscar a sua verticalidade; o equilíbrio postural; a articulação e a
harmonização de seus movimentos; a autonomia em deslocamentos e movimentos; o
aperfeiçoamento das coordenações viso motora, motora global e fina; e o
desenvolvimento da força muscular. As pessoas com surdocegueira e com
deficiência múltipla, que não apresentam graves problemas motores, precisam
aprender a usar as duas mãos. Isso para servir como tentativa de minorar as
eventuais estereotipias motoras e pela necessidade do uso de ambas para o desenvolvimento
de um sistema estruturado de comunicação.
Devido às dificuldades fonoarticulatórias, motoras ou mesmo
neurológicas, é comum nessas pessoas algum tipo de limitação na comunicação e
no processamento e elaboração das informações recolhidas do seu entorno. Isso
pode resultar em prejuízos no processo de simbolização das experiências
vividas, por acarretar carência de sentido para as mesmas.
Prioritariamente deve-se, portanto, disponibilizar recursos para
favorecer a aquisição da linguagem estruturada no registro simbólico, tanto
verbal quanto em outros registros, como o gestual, por exemplo.
Mesmo quando a deficiência predominante não é na área intelectual, todo
trabalho com o aluno com deficiência múltipla e com surdocegueira implica em
constante interação com o meio ambiente. Este processo interacional é
prejudicado quando as informações sensoriais e a organização do esquema corporal
são deficitárias. Prever a estimulação e a organização desses meios de
interação com o mundo deve fazer parte do Plano de AEE.
As características específicas apresentadas pelas pessoas com Deficiência
múltipla lançam desafios à escola e aos profissionais que com elas trabalham no
que diz respeito à elaboração de situações de aprendizagem a serem
desenvolvidas para que sejam alcançados resultados positivos ao longo do
processo de inclusão. Esses alunos constituem um grupo com características
específicas e peculiares e, consequentemente, com necessidades únicas.
COMUNICAÇÃO
Todas as interações de comunicação e atividades de aprendizagem devem
respeitar a individualidade e a dignidade de cada aluno com deficiência
múltipla. Isto se refere a pessoas que possuem como característica a
necessidade de ter alguém que possa mediar seu contato com o meio. Assim,
ocorrerá o estabelecimento de códigos comunicativos entre a pessoa com
deficiência múltipla e o receptor. Esse mediador terá a responsabilidade de
ampliar o conhecimento do mundo ao redor dessa pessoa, visando a lhe
proporcionar autonomia e independência.
Todas as pessoas se comunicam, ainda que em diferentes níveis de
simbolização e com formas de comunicação diversas; assim, considera-se que
qualquer comportamento poderá ser uma tentativa de comunicação. Dessa maneira,
é preciso estar atento ao contexto no qual os comportamentos, as manifestações
ocorrem e sua frequência, para assim compreender melhor o que o aluno tem a
intenção de comunicar e responder.
APRENDIZAGEM
O
processo de aprendizagem ocorre por repetição e estimulação orientada em contextos
naturais, dado que a surdocegueira interfere na capacidade de aprendizagem
espontânea e na de imitação. Sabe-se que o aprendizado da via de comunicação
exige atendimento especializado com estimulação específica e individualizada.
Quando a criança é estimulada precocemente, ela adquire comportamentos sociais
mais adequados e também poderá desenvolver e aprender a usar seus sentidos
remanescentes melhor do que aquela que não recebeu atendimento. Indivíduos
com surdocegueira demonstram dificuldade em observar, compreender e imitar o
comportamento de membros da família ou de outros que venha entrar em contato, devido
à combinação das perdas visuais e auditivas que apresentam. Por isso, as
técnicas “mão-sobre-mão” [Mão sobre mão: a mão do professor é colocada em
cima da mão do aluno, de forma a orientar o seu movimento, o professor tem o
controle da situação] ou a “mão sob mão” [Mão sob mão: a mão do professor é
colocada em baixo da mão do aluno de modo a orientar o seu movimento, mas não a
controla, convida a pessoa com deficiência a explorar com segurança] são
importantes estratégias de intervenção para o estabelecimento da comunicação
com a criança com surdocegueira.
RECURSOS
PARA APRENDIZAGEM
Objetos de referência
Caixas de antecipação
Calendários
REFERÊNCIAS
Educação infantil: saberes e
práticas da inclusão: dificuldades acentuadas de aprendizagem: deficiência
múltipla. [4. ed.] / elaboração profª Ana Maria de Godói – Associação de
Assistência à Criança Deficiente – AACD... [et. al.]. – Brasília: MEC,
Secretaria de Educação Especial, 2006.
Bosco, Ismênia Carolina Mota Gomes. A Educação Especial na Perspectiva
da Inclusão Escolar : surdocegueira e deficiência múltipla / Ismênia Carolina
Mota Gomes Bosco, Sandra Regina Stanziani Higino Mesquita, Shirley Rodrigues
Maia. - Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial ;
[Fortaleza] : Universidade Federal do Ceará, 2010. v. 5. (Coleção A Educação
Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar)
Parabéns pelo blog e pela publicação. Estou fazendo minha especialização em AEE e esse texto e estas informações serão muito uteis a mim.Forma clara e concisa de expor as ideias e os conceitos de Aee. Obrigada!
ResponderExcluir